PF Aponta Contradições em Depoimentos de Aliados de Janones sobre Rachadinha
De acordo com um relatório da PF, investigadores destacaram que os depoentes "não foram sinceros" e apontaram "inconsistências" nas declarações fornecidas.
A Coordenação de Inquéritos dos Tribunais Superiores da PF registrou que "todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal André Janones, dependendo de seus cargos para sua sobrevivência política ou subsistência".
Entre os exemplos de contradição, está o depoimento de Alisson Camargos, que pretende se candidatar a vereador em Ituiutaba (MG) com o apoio de Janones. A PF verificou que, quando era assessor, Alisson realizava saques mensais de R$ 4 mil, exatamente o valor que a investigação apontou como devolução para o deputado federal.
A tentativa de Alisson de justificar as movimentações financeiras foi criticada pela PF. "O declarante alegou ter o hábito de realizar saques em espécie por não estar familiarizado com modernidades relacionadas a transferências eletrônicas."
Alisson também afirmou que usava o dinheiro para pagar contas básicas, como energia e aluguel, e que não se recordava do motivo de não usar transferências bancárias.
Outro ponto questionado pelos investigadores foi o fato de Alisson não possuir contrato de locação do imóvel onde morava. "Em cidade pequena, não fazem contratos. Tudo é baseado na confiança", justificou ele.
A PF destacou ainda mais contradições de Alisson e outros aliados de Janones, incluindo declarações divergentes sobre devoluções de dinheiro e a finalidade dessas devoluções.
Além disso, a PF registrou inconsistências nos depoimentos de Kamila Carvalho e Jéssica de Souza, também assessoras de Janones, em relação às orientações dadas ao parlamentar sobre devolução dos salários.
O relatório da PF apontou que Mario Celestino Junior, outro assessor de Janones, também não foi sincero em seu depoimento ao afirmar que o dinheiro devolvido pelo deputado seria usado para financiar campanha eleitoral, não para reconstruir patrimônio, como foi revelado em áudio de uma reunião.
Embora um relatório de Guilherme Boulos tenha ajudado Janones a evitar um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, as investigações policiais continuam avançando contra o parlamentar.